há no silêncio da noite um sossego esquizofrénico,
uma espécie de opressão
como se a mente fosse um zumbido esparto e doente.

os pensamentos vêem aos pedaços,
como farelo bêbado e opaco,
como uma lobotomia com defeito.
um suspiro interrompe a luz como se fosse pensar,
como se o dia passado fosse uma ostentação messiânica no feitio.

lembra-se das loucuras fotográficas,
do casaco e do credo e até do vinho misturado com opiáceos.
tão vil e reles esta gente,
sem mitologia a modificar o ébano estrito e incessante da alma.

depois lembro-me de ti,
com vontade de nunca te ter conhecido.
estás agrafado na febre do jantar,
com a coleira da lebre colada ao nervo dissecado,
como escroque no final do enterro.

Eduarda 

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