Já voei com medo de cair. Já caí com medo de voar. Já tive nos braços, sonhos e abraços. Já me escondi no lago para ser apenas quem sou. Tive silêncios nas estradas, e mentiras no pensamento. Tive nas mãos estrelas cadentes .Já me perdi na loucura, e fiquei vazia de cor. Tive o meu rosto pintado numa história de adormecer. Tive passado no meu quarto, como uma gaivota que nasce. Já amei com a magnitude dum segredo adormecido. Parti copos e pratos, numa raiva surda de dor. Já menti e disse verdades num momento sem início ou fim. Já dancei no reino da fantasia , como se fosse o meu destino. Já me calei para não gritar. Gritei para não sufocar. Já me ri de piadas vãs. Já chorei no último beijo. Já me olhei no espelho e sem graça vi o que tenho. Lamento o que perdi, se é que tive o que penso. Tenho a minha certeza, conduzida por palavras e pelo toque do mar, que gota a gota me refresca, quando me solto na noite.

Eduarda Mendes


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